domingo, 3 de maio de 2015

Meio cigarro, mãos e braços, beijos e abraços, pele barriga e seus lábios...

Tédio era o sentimento que ela sentia enquanto fumava seu cigarro nas escadas e admirava os barcos na enseada de Botafogo. Estava velha! Não! Não, não estava, mas estava farta de lugares escuros, caros e com gente desinteressante. Além disso, criaram uma expectativa que ela ficaria com um "amigo de um amigo", o que tornava tudo ainda mais enfadonho, além do encontro com os "amigos casal" que não iam muito com a cara dela, ou seja, não queria estar lá, simples assim, mas seu melhor amigo ordenou sua presença, não tinha escolha.Enquanto esses flashes rodeavam sua mente, ele se aproximou de uma forma que ela nem o notou e sentado nas escadas ele pediu um cigarro e pela linguagem logo ela percebeu que ele não era da cidade. Ela abriu seu pack de cigarros e tinham apenas três cigarros o que não era bom para uma noite enfadonha como aquela, ela, sem olhar para ele, disse que poderia dividir e ele prontamente aceitou.Enquanto dividiam o cigarro, ela olhou para ele e viu que ele estava demasiadamente alcoolizado, vestia-se com uma regata preta, com um farto decote em v, uma blusa social azul marinho, um jeans skin casual, um boné e um mocassim marrom. Ela perguntou se ele tinha gostado da cidade, e ele respondeu em suas palavras bêbadas que achou a cidade linda e que estava viajando com mais dois amigos. Depois de algumas palavras trocadas ela ouviu uma música mais interessante que a conversa e voltou para a pista de dança, o que definitivamente não foi uma boa ideia, tendo em vista que o "amigo de um amigo" insistia em beija-la, o que notavelmente era uma perda de tempo, afinal já estava certa que aquela noite não veria seus beijos.Algumas muitas cervejas depois, ela pensou, embriagada que queria beijar alguém que não fosse o "amigo de um amigo", fosse para se livrar dele, fosse para beijar alguém não importava. Neste momento na escada cruzou com o "menino do cigarro", ela ficou olhando pra ele enquanto ele falava com seus amigos por alguns minutos e percebeu que ele era "bonitinho", apesar de usar um boné ridículo, foi então que pegou seu maço para acender um cigarro e percebeu que só restava um pack vazio. Frustrada ela o viu retirar um pack aparentemente com alguns cigarros e colocou um entre os lábios enquanto sorria com seus amigos. Hesitou duas ou três vezes, mas decidiu que iria cobrar o cigarro dividido, afinal ela estava necessitada de nicotina para nivelar com o álcool de seu sangue.Ela se aproximou, tirou o cigarro de seus lábios e pediu pelo isqueiro, ele em sua embriaguez não reagiu com surpresa, apenas acendeu o cigarro. Ela olhou através das lentes de seus óculos usualmente sujos e viu covinhas no seu sorriso apaixonante, não resistiu e perceberia algum tempo depois que foi nesse momento que se apaixonou, e efusivamente buscou seus lábios em um beijo bêbado.Conversavam por horas, parecia que já eram conhecidos há algum tempo, eram beijos e diálogos sem fim, em alguns momentos parecia que estavam sozinhos, pois ignoravam solenemente as pessoas que os rodeavam.A noite se foi, e os raios solares surgiram num dia nublado, ela decidiu que a noite não tinha acabado ainda, precisava de mais beijos, precisava de mais palavras, precisava de mais dele, puxou-o pela mão e fugiram, então, puderam trocar mais lábios, braços, pele, barriga, mãos, pés e entre lençóis brancos ficaram nas nuvens por muitas horas.Não se despediram, sabiam que iriam se encontrar novamente.

segunda-feira, 27 de abril de 2015

As mil faces da fotografia

Eu sempre amei fotos, acho que é um jeito único de guardar memórias. Quando eu era pequetita chorava para ser a musa das lentes da minha mãe e isso rendeu alguns mil álbuns da minha infância. Na adolescência, com a era digital, eram jogadas tardes foras para poses de fotos para postar no Orkut e no fotolog (quem nunca né?). Talvez, por isso, hoje eu não goste de tirar fotos, mas independente de ter cansado minha beleza na infância e adolescência, acho que se perdeu um pouco o objetivo de guardar a memória e criou-se um novo: moldar uma memória.

Vejo meus amigos e conhecidos, tirando pelo menos três fotos antes de escolher uma, pois precisam estar “bem na foto”. Isso é uma coisa que me cansa quando penso em tirar uma foto: a obrigação de sair “bem na foto”. A partir dessa obrigação você também precisa saber minimamente captar esse “bem na foto” de cada pessoa que te pede uma foto, é como se numa mágica você mudasse a pessoa com apenas um clique.
Sempre achei isso impossível, nunca imaginei que pudesse forjar uma memória através de uma foto, até que um dia observei por algumas horas um amigo editando vídeos da nossa viagem e algumas fotos que ele tirou. Sim, ele foi Deus nesse dia.


Pelo fato de estarmos juntos todos os momentos da viagem eu sabia exatamente cada frame do vídeo e lembrava cada foto gravada em seus milhões de cliques. Os momentos monótonos de baforadas de cigarros, busca por mapas e ruas, virarem aventuras divertidas, minhas caretas para ele parar de gravar ou tirar fotos viraram caretas espontâneas de felicidade para a câmara, inclusive, quando eu o mandava a merda em protesto para interromper os intermináveis cliques se encaixava de um jeito cômico em seu vídeo. Logo em seguida, resolvi olhar minhas fotos e elas não eram belas, algumas borradas até, mas todas guardam os MEUS momentos da viagem, talvez se alguém parar para olhar até ache elas sem graça, mas são minhas memórias, pura e simples, sem retoques divinos.


Acho que essa busca pela criação de momentos perfeitos foi incentivada pela necessidade que temos de dividir momentos nas redes sociais, parece que precisamos provar diariamente para nós mesmos que somos felizes através das nossas fotos e por isso precisamos SEMPRE sair “bem na foto”.

segunda-feira, 16 de março de 2015

(In) certezas da vida e meu bolo solado.

Aprendemos desde pequetitos que planejar o futuro é essencial para uma vida equilibrada e próspera, seja dividindo o horário de ver seu desenho preferido no cartoon e os deveres de casa ou estudando para o vestibular e sair com os amigos. Nossos pais sempre insistiram que precisamos planejar nosso futuro para construirmos um legado digno de uma pessoa adulta e madura, ou só adulta.
Ocorre que, no decorrer da sua vida, a maioria dos seus planos não dá certo, desde os planos pro seu aniversário, até aquela viagem com os amigos, nada acontece como você planejou. Isso nem sempre é uma coisa ruim, às vezes, MAS só às vezes, tudo acaba sendo melhor do que o planejado.

Quando você planeja algo, você cria expectativas de resultados e é aí que a coisa desanda, por exemplo, quando você pega a receita do bolo maravilhoso que sua mãe faz, segue tudo bonitinho, mas o bolo sola e quem explica isso? Existem mil teorias sobre porque meu bolo sola, mas nenhuma,nenhuma delas, me convencem porque se baseiam em certezas que são tão variáveis quanto meu humor.

Em toda minha racionalidade, que eu descobri a pouco tempo que não é tão racional assim, todas as certezas que eu catei na minha vida foram solando que nem meu bolo e eu não consigo explicar racionalmente porque. Existe algum fator, que alguns chamam de Deus, sorte, destino, que faz com que suas certezas mudem, desmoronem, mas você é teimoso e reconstrói, faz de novo, insiste, desiste.

E nesse exercício você se torna um ser humano melhor, ou pior, mas você se experimenta e se conhece de um jeito que você nunca imaginou, descobre suas emoções e como elas podem variar de um lado sombrio para um lado incrivelmente positivo. 

Diante desses devaneios, só posso, e me resta, pensar que na verdade a vida é cheia de incertezas e que  de alguma forma a graça é exatamente essa: não tem roteiro! você pode até tentar, mas provavelmente não vai ser como você queria, pode ser melhor ou muito pior, quem vai saber?

domingo, 23 de março de 2014

(Des) encontros

Encontro marcado, restaurante favorito, vinho favorito, afinal se ela não fosse uma pessoa interessante pelo menos não daria uma viagem perdida para o outro lado da cidade. Após trinta minutos de espera ela chega, sem nada muito atraente na aparência, simples.
Durante toda a conversa ela tenta se mostrar bem diferente de todas as outras pessoas, mulheres, o que é engraçado porque ela se contradiz em diversas frase mas me divirto vendo-a se enrolar em suas concepções. Levo- a para casa e temos uma noite surpreendente. Vida que segue.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

(Des)laços



Se uma coisa que eu acho bonita nessa vida é o amor. Não tem coisa mais bonita de se ver, viver ou partilhar. Mas eu não acredito que o grande amor seja aquele clichê de envelhecer juntinhos. Não leve a mau, eu gostaria de ter uma pessoa na vida que me amasse até eu virar um maracujá de gaveta, mas não é só esse amor que importa, que ó o grande amor.

Será que só realizamos nossos amores em um relacionamento?
Não deveriam, os relacionamentos ser a consequência do amor?

Acredito na independência do amor e se existe alguma medida para o amor, definitivamente não é o tempo.

"Nunca amamos ninguém. Amamos, tão-somente, a ideia que fazemos de alguém. É a um conceito nosso - em suma, é a nós mesmos - que amamos. Isso é verdade em toda a escala do amor. No amor sexual buscamos um prazer nosso dado por intermédio de um corpo estranho. No amor diferente do sexual, buscamos um prazer nosso dado por intermédio de uma ideia nossa." (Fernando Pessoa)


domingo, 27 de outubro de 2013

Eu sempre achei...

"Eu sempre achei que o amor,
Que o grande amor, fosse incondicional.
Que quando duas pessoas se encontram, que quando esse grande encontro acontece, você pode trair, brochar, dar todas as porradas, se for um grande o amor, ele voltará triunfal.
Sempre!
Mas não, nenhum amor é incondicional.
Então acreditar na incondicionalmente do amor, é decididamente precipitar o fim do amor, porque você acha que esse amor aguenta tudo, então de um jeito ou de outro você acaba fazendo esse amor passar por tudo, e um amor não aguenta tudo, nada nesse vida é assim!
E aí você fala que esse amor não tem fim, para que o fim então comece.
Um grande amor não é possível,
talvez por isso seja grande.
Então, assim, nele, obrigatoriamente, pode caber também o impossível.
Mas quem acredita?
Quem acredita no impossível, que não apaixonadamente?
Como a um deus, incondicionalmente."

Michel Melamed. 

sábado, 13 de abril de 2013

Feminismo?

Estou cansada de ouvir as mulheres falando mau delas mesmas, sério, cansei do sexisismo e não digo isso em tom feminista.Explico.Estabelecemos tantas regras sociais para tornar-se mulher que quem foge isso acaba sendo o exemplo quem não se deve seguir, como aquela sua amiga que não casou e não teve filhos e vive super de bem com a vida, ela sempre vai ser a que não constituiu família e vai ter uma velhice triste, ou aquela que casou e teve filhos e é dona de casa, ela vai ser a que quando o marido trocar ela vai ficar perdida no mercado de trabalho. Já ouvi muitas mulheres falando isso, que são pequenos exemplos para a lista de passos sociais para se tornar uma mulher. 
Um fator que eu acho relevante para esse cenário é o fato da mulher hoje ter um papel menos desigual em relação ao homem o que de certa forma estimulou ainda mais as comparações entre homens e mulheres, o que nunca  não faz sentido porque felizmente somos diferentes fisicamente e psicologicamente falando, e muitas vezes tais comparações se resumem a "o homem pode isso mas é homem a mulher não pode fazer aquilo porque é feio para a mulher, quem faz isso não dá valor para a liberdade que as mulheres conquistaram e mancham o nome de outras mulheres" .
Ou então, as comparações na verdade funcionam como uma auto-ajuda para nos convencer da motivação que levou o fim do relacionamento ou porque não encontramos o amor de nossas vidas e sua timeline fica entupida de frases da Martha Medeiros e por aí vai. 
Sinceramente, eu sempre fui muito fã dessas trocas de experiência e conselhos, acho que elas despertam uma reflexão e um certo romantismo que perdemos na correria dos dias, do mequetrefe ao mais elaborado, mas as pessoas estão beirando a irrazoabilidade e levando tudo ao pé da letra, como se fosse uma receita de bolo quando na verdade isso não existe.Será que é tão difícil deixar as pessoas com a individualidade dela? Será que precisamos julgar e rotular tudo e todos de acordo com nossos preceitos sociais?Afinal quem nos garante tomador da verdade?