segunda-feira, 27 de abril de 2015

As mil faces da fotografia

Eu sempre amei fotos, acho que é um jeito único de guardar memórias. Quando eu era pequetita chorava para ser a musa das lentes da minha mãe e isso rendeu alguns mil álbuns da minha infância. Na adolescência, com a era digital, eram jogadas tardes foras para poses de fotos para postar no Orkut e no fotolog (quem nunca né?). Talvez, por isso, hoje eu não goste de tirar fotos, mas independente de ter cansado minha beleza na infância e adolescência, acho que se perdeu um pouco o objetivo de guardar a memória e criou-se um novo: moldar uma memória.

Vejo meus amigos e conhecidos, tirando pelo menos três fotos antes de escolher uma, pois precisam estar “bem na foto”. Isso é uma coisa que me cansa quando penso em tirar uma foto: a obrigação de sair “bem na foto”. A partir dessa obrigação você também precisa saber minimamente captar esse “bem na foto” de cada pessoa que te pede uma foto, é como se numa mágica você mudasse a pessoa com apenas um clique.
Sempre achei isso impossível, nunca imaginei que pudesse forjar uma memória através de uma foto, até que um dia observei por algumas horas um amigo editando vídeos da nossa viagem e algumas fotos que ele tirou. Sim, ele foi Deus nesse dia.


Pelo fato de estarmos juntos todos os momentos da viagem eu sabia exatamente cada frame do vídeo e lembrava cada foto gravada em seus milhões de cliques. Os momentos monótonos de baforadas de cigarros, busca por mapas e ruas, virarem aventuras divertidas, minhas caretas para ele parar de gravar ou tirar fotos viraram caretas espontâneas de felicidade para a câmara, inclusive, quando eu o mandava a merda em protesto para interromper os intermináveis cliques se encaixava de um jeito cômico em seu vídeo. Logo em seguida, resolvi olhar minhas fotos e elas não eram belas, algumas borradas até, mas todas guardam os MEUS momentos da viagem, talvez se alguém parar para olhar até ache elas sem graça, mas são minhas memórias, pura e simples, sem retoques divinos.


Acho que essa busca pela criação de momentos perfeitos foi incentivada pela necessidade que temos de dividir momentos nas redes sociais, parece que precisamos provar diariamente para nós mesmos que somos felizes através das nossas fotos e por isso precisamos SEMPRE sair “bem na foto”.