Tédio era o sentimento que ela sentia
enquanto fumava seu cigarro nas escadas e admirava os barcos na enseada de
Botafogo. Estava velha! Não! Não, não estava, mas estava farta de lugares
escuros, caros e com gente desinteressante. Além disso, criaram uma expectativa
que ela ficaria com um "amigo de um amigo", o que tornava tudo ainda
mais enfadonho, além do encontro com os "amigos casal" que não iam
muito com a cara dela, ou seja, não queria estar lá, simples assim, mas seu melhor
amigo ordenou sua presença, não tinha escolha.Enquanto esses flashes rodeavam sua mente,
ele se aproximou de uma forma que ela nem o notou e sentado nas escadas ele
pediu um cigarro e pela linguagem logo ela percebeu que ele não era da cidade.
Ela abriu seu pack de cigarros e tinham apenas três cigarros o que não era bom
para uma noite enfadonha como aquela, ela, sem olhar para ele, disse que
poderia dividir e ele prontamente aceitou.Enquanto dividiam o cigarro, ela olhou
para ele e viu que ele estava demasiadamente alcoolizado, vestia-se com uma
regata preta, com um farto decote em v, uma blusa social azul marinho, um jeans
skin casual, um boné e um mocassim marrom. Ela perguntou se ele tinha gostado
da cidade, e ele respondeu em suas palavras bêbadas que achou a cidade linda e
que estava viajando com mais dois amigos. Depois de algumas palavras trocadas
ela ouviu uma música mais interessante que a conversa e voltou para a pista de
dança, o que definitivamente não foi uma boa ideia, tendo em vista que o
"amigo de um amigo" insistia em beija-la, o que notavelmente era uma
perda de tempo, afinal já estava certa que aquela noite não veria seus beijos.Algumas muitas cervejas depois, ela pensou,
embriagada que queria beijar alguém que não fosse o "amigo de um amigo",
fosse para se livrar dele, fosse para beijar alguém não importava. Neste
momento na escada cruzou com o "menino do cigarro", ela ficou olhando
pra ele enquanto ele falava com seus amigos por alguns minutos e percebeu que
ele era "bonitinho", apesar de usar um boné ridículo, foi então que
pegou seu maço para acender um cigarro e percebeu que só restava um pack vazio.
Frustrada ela o viu retirar um pack aparentemente com alguns cigarros e colocou
um entre os lábios enquanto sorria com seus amigos. Hesitou duas ou três vezes,
mas decidiu que iria cobrar o cigarro dividido, afinal ela estava necessitada
de nicotina para nivelar com o álcool de seu sangue.Ela se aproximou, tirou o cigarro de seus
lábios e pediu pelo isqueiro, ele em sua embriaguez não reagiu com surpresa,
apenas acendeu o cigarro. Ela olhou através das lentes de seus óculos
usualmente sujos e viu covinhas no seu sorriso apaixonante, não resistiu e
perceberia algum tempo depois que foi nesse momento que se apaixonou, e efusivamente
buscou seus lábios em um beijo bêbado.Conversavam por horas, parecia que já eram
conhecidos há algum tempo, eram beijos e diálogos sem fim, em alguns momentos
parecia que estavam sozinhos, pois ignoravam solenemente as pessoas que os
rodeavam.A noite se foi, e os raios solares
surgiram num dia nublado, ela decidiu que a noite não tinha acabado ainda,
precisava de mais beijos, precisava de mais palavras, precisava de mais dele, puxou-o
pela mão e fugiram, então, puderam trocar mais lábios, braços, pele, barriga,
mãos, pés e entre lençóis brancos ficaram nas nuvens por muitas horas.Não se despediram, sabiam que iriam se
encontrar novamente.